Apresentação
Nosso principal objetivo com o texto e as imagens que você vai acompanhar a seguir é informar porque a catarata ocorre, quais seus fatores de risco, como detectá-la, quais as opções de tratamento atualmente disponíveis, mitos e verdades sobre a doença .
Acreditamos que todas essas informações são fundamentais para melhorar a qualidade da visão e, portanto, o dia a dia de quem é portador da doença.
Sempre que achar necessário procure seu oftalmologista. Ele é o profissional indicado para esclarecer todas as suas dúvidas sobre a catarata. Jamais se automedique.
Entendendo a catarata
O sentido da visão depende da luz, estímulo eterno recebido pelo olho em forma de raios luminosos que chegam á retina depois de atravessar a córnea, o cristalino e o humor vítreo, este uma gelatina que preenche a parte posterior do olho.
No olho normal os raios luminosos atravessam os meios transparentes córneas cristalino e humor vítreo como se estivessem atravessando o ar ou o vidro de uma janela .
No olho com catarata a imagem dos objetos não consegue atingir a retina porque ocorre a perda da transparência do cristalino, uma lente natural que todos nós possuímos, localizada na parte interna dos olhos – atrás da íris, esta a parte colorida do olho. Assim, a falta ou deslocamento do cristalino compromete a qualidade da visão.
Causas da catarata
Alguns fatores contribuem para o aparecimento ou a piora da catarata, entre eles a obesidade, o diabetes, a hipertensão arterial, a arteriosclerose, distúrbios das glândulas endócrinas, o uso de medicamento com cortisona, tabagismo e enfisema pulmonar.
A idade é considerada fator de risco para o desenvolvimento da catarata, pois ela surge com maior freqüência em pessoas de terceira idade e está presente- em certo grau- em quase todas as pessoas com mais de 70 anos.
Existem outros dois tipos de catarata, não associados ao envelhecimento: a catarata traumática e a catarata congênita, menos freqüente.
Sintomas mais comuns da catarata
Imagens borradas – Quando as tarefas visuais mais próximas como ler e costurar torna-se mais difíceis. A visão borrada para longe e para perto interfere nas atividades do dia a dia do paciente.
Distorção – A catarata faz com que os cantos retos pareçam ondulados ou curvos, podendo provocar duplicação de imagens.
Percepção alterada das cores – A opacificação do cristalino aumenta com a idade e os pacientes percebem os objetos mais amarelados.
Catarata unilateral – A catarata pode ocorrer em um único olho ou amadurecer mais rápido em um olho do que no outro. Daí a importância de verificar a visão regularmente para detectar a doença no seu inicio. Não é incomum o paciente queixar-se de que a visão no olho com catarata foi perdida rapidamente. Como a doença não progride de modo rápido, é mais provável que a opacidade do cristalino tenha ocorrido lentamente, sem ser percebida.
O paciente com catarata geralmente se queixa da dificuldade em atravessar a rua em dia de sol forte e em dirigir a noite. A visão torna-se bastante prejudicada ao entardece, principalmente em dia nublado.
Como é feito o diagnóstico da catarata?
Um cuidadoso exame feito pelo oftalmologista pode detectar doenças oculares que estejam produzindo visão borrada e ou desconforto.
É importante lembrar que outras causas podem ser responsáveis pela perda gradual da visão além da catarata, como por exemplo, distúrbios localizados próximos a retina ou ao nervo ótico. Caso estes problemas estejam mesmo presentes, a visão perfeita pode não ser recuperada após a remoção da catarata. Daí a importância de um exame minucioso de olho realizado pelo médico especialista.
Exames oftalmológicos complementares
Estes exames avaliam o globo ocular como um todo permitindo com maior segurança o tratamento da catarata – caso ela venha a ser diagnosticada garantindo uma rápida recuperação da visão. Os mais importantes são:
*Mapeamento de retina – Avalia o fundo do olho
*Ecografia do globo ocular – Quando a catarata está avançada, o médico não enxerga o fundo do olho. Este exame avalia a presença de outras doenças associadas á catarata como tumores, descolamento da retina e doenças do humor vítreo.
*Topografia da córnea – Avalia as alterações da superfície da córnea.
*Biometria ultra-sônica – Calcula a distancia entre a parte mais externa e interna do olho, determinando o grau de lente intra-ocular a ser implantada em pacientes operados de catarata. A biometria utiliza ultra-sonografia modo A para obter a medida do cumprimento axial do globo ocular e realizar os cálculos do poder dióptrico das lentes intra- oculares a serem implantadas. Nos pacientes com altos graus de miopia e hipermetropia, há necessidade de cuidados adicionais como a utilização de formulas especificas e da associação da ultra-sonografia modo B.
*Biometria óptica a laser (IOLMaster) – Calcula o valor, em graus, de lente que será implantada para substituir o cristalino doente, evitando o uso posterior do óculos com graduação elevada e tornando o resultado cirúrgico mais eficiente. Este exame é feito sem contato, dispensando inclusive o uso de colírios.
*Microscopia especular da córnea – Alivia a parte interna da córnea, pois o acesso cirúrgico acontece através dela. A quantidade e a qualidade das células podem prever o resultado e até mudar a estratégia cirúrgica.
*Retinografia Simples – Utilizada nos casos nos quais há suspeita de que a retina não esteja em boas condições ou que apresente alguma doença associada (como a diabetes mellitus).
*Teste de sensibilidade ao contraste / ofuscamento – Glare– Avalia a qualidade da visão. Informa ao medico a real limitação da visão do paciente.
*Análise Computadorizada do Seguimento Anterior – É um estudo tomográfico e topográfico do segmento posterior e anterior do olho, que permite detalhar com precisão as estruturas oculares.
Como tratar a catarata?
Atenção! O único tratamento eficaz para a catarata é a cirurgia. Não existe outra técnica de tratamento para curar e prevenir.
MAS QUANDO OPERAR A CATARATA?
Atualmente existem exames específicos que demonstram que – ao contrário que se pensava- não se deve realizar a cirurgia somente quando a catarata é considerada “madura”. Neste estagio da doença, o paciente já correu maiores riscos de sofrer acidentes automobilísticos, domésticos ou no próprio ambiente de trabalho.
O que é a facoemulsificação?
A facoemulsificação é uma técnica cirúrgica moderna usada no tratamento da catarata. Possibilita a alta imediata do paciente e favorece a recuperação muito mais rápida da visão. Feita sob anestesia local, oferece maior segurança. Infelizmente as vantagens desta técnica não se aplicam aos casos de catarata muito avançada.
A facoemulsificação baseia-se no principio do ultra-som. Realiza-se a introdução – através de uma pequena incisão – de uma fina caneta no globo ocular, que emulsifica a catarata, ou seja, ela é triturada e retida por aspiração pela mesma caneta. O globo ocular está, assim, apto a receber o implante de uma lente. Sua maior vantagem em relação à técnica tradicional está no tratamento da incisão: como o corte é bem menor, o paciente recupera a visão mais rapidamente.
A revolução do tratamento da catarata foi trazida pelas lentes intra-oculares. Produzidas em diversas matérias biologicamente inertes, não provocam rejeição e podem ser rígidas ou dobráveis. Estas ultimas são as mais indicadas na facoemulsificação, pois são introduzidas dobradas dentro do globo ocular, através de uma pequena incisão, e expandem-se posteriormente.
Atualmente não existe qualquer justificativa médica para que a cirurgia de catarata seja realizada em hospital. As clinicas projetadas para operarem no sistema de internação de curta duração oferecem segurança máxima com mínimo risco para o paciente.
O implante da lente intra-ocular
Hoje, não dá para imaginar uma cirurgia da catarata sem implante do cristalino artificial. Como o cristalino é uma lente natural, sua simples remoção não é suficiente, pois se soluciona o problema da transparência originado pela catarata, mas persiste aquele relacionado ao grau. Quando implantamos uma lente intra-ocular, devolvemos a transparência ao cristalino e colocamos o grau necessário para que a visão torne-se normal.
Esta lente deve ter um desenho especial que permita sua colocação através de um pequeno espaço. Ela pode ser rígida ou dobrável e uma grande variedade de lentes deve estar ao alcance do cirurgião, oferecendo condições para uma mudança de estratégia cirúrgica em casos complicados.
Esclarecendo dúvidas freqüentes
A CATARATA PODE VOLTAR?
Um percentual pequeno de pacientes que fizeram implante de lente intra-ocular, após um período que pode variar de poucos meses a cinco anos, pode apresentar diminuição da visão por opacificação da cápsula posterior do cristalino, dando a impressão de que a catarata retornou. Quando o cristalino é retirado, o saco capsular onde ele se encontrava não é removido, pois é utilizado para a colocação da nova lente. Com a aplicação do YAG Laser, a visão é restaurada completamente.
O CRISTALINO ARTIFICIAL PODE SER REJEITADO?
O material utilizado para confeccionar as lentes intra-oculares é biologicamente inerte e por esta razão não apresenta qualquer tipo de reação quando em contato com tecidos humanos. A tendência é de implantação de lentes intra-oculares dobráveis porque facilitam a recuperação da visão no pós-operatório.
PODEM OCORRER COMPLICAÇÕES EM CIRURGIAS DE CATARATA?
Por ser facoemulsificação uma técnica que requer treinamento exaustivo da equipe médica e investimentos em equipamentos de alto valor e que dever ser utilizados constantemente, o risco cirúrgico é baixo e o benéfico é alto. A cirurgia de catarata é segura, mas, apesar dos altos índices de sucesso, não deve ser banalizada.
QUANTO TEMPO DEMORA A RECUPERAÇÃO DEPOIS DA CIRURGIA?
Da mesma forma que a visão melhora ao limparmos o pára-brisa sujo do nosso automóvel, geralmente o paciente percebe uma diferença em sua visão já na primeira semana após a realização da cirurgia. A melhora tem relação com a cicatrização e dentro de um período que pode levar de 7 a 60 dias (dependendo das características pessoais de cada paciente e da técnica cirúrgica utilizada) é possível readquirir a mesma visão anterior a formação da catarata.
É NECESSÁRIO O USO DE ÓCULOS APÓS A CIRURGIA DA CATARATA COM IMPLANTE DE LENTES INTRA-OCULARES?
Eventualmente pode ser necessário um pequeno grau para longe. Para perto, quase sempre é indicado o uso de óculos.
EXISTE LASER PARA CIRURGIA DE CATARATA?
Até o momento não se tem noticia do uso regular do laser para esse tipo de cirurgia. O que existe é a utilização do Nd-Laser com complemento cirúrgico no pós-operatório da catarata.
A cirurgia: cuidados antes, durante e depois do procedimento
No pré-operatório clínico-cardiológica do paciente do paciente é importante, além de todos os resultados dos exames solicitados pelo médico antes da cirurgia.
Recomenda-se ao paciente, no dia da cirurgia, alguns cuidados:
- Alimentação – Ingerir apenas alimentação liquida como sucos, chás, leite e vitaminas. Pacientes diabéticos e usuários de insulina devem suspender o seu uso no dia da cirurgia e avisar o médico anestesiologista.
- Não usar – Cremes maquiagens ou perfumes. O banho pode ser tomado normalmente, mas não utilizar principalmente no rosto estes produtos.
- Horário de chegada – O paciente não deve chegar antes do horário marcado diminuindo assim a ansiedade da espera.
- Acompanhantes – Evitar crianças ou mais de uma pessoa para acompanhar o paciente.
A cirurgia com internação de curta duração oferece ao paciente uma experiência cirúrgica mais rápida, alterando muito pouco sua rotina de vida. Acompanhe algumas informações sobre o procedimento:
Anestesia local – É aplicada em todos os casos de catarata. As técnicas utilizadas permitem que o paciente permaneça o tempo todo consciente e participante, absolutamente relaxado e sem qualquer tipo de dor. O paciente pode andar imediatamente após a cirurgia; não existem reações colaterais como náuseas, vômitos e tosse no pós-operatório.
Técnica cirúrgica – O médico realiza uma pequena incisão, permitindo a recuperação mais rápida da visão.
Esterilização – A utilização de materiais descartáveis, associado a um serviço de esterilização perfeito e seguro, garante a redução nos riscos de infecção.
Alta – Geralmente o paciente recebe alta até uma hora após a cirurgia. Deve continuar seu repouso em casa, retornando no dia seguinte para retirar o curativo e passar por uma avaliação medica.
Medicação – Após a cirurgia, o paciente e seus familiares são responsáveis pela administração de medicamentos como colírios, que podem ser uma combinação de antibióticos com antiinflamatórios. Caberá ao oftalmologista a decisão da prescrição mais indicada para cada caso.
Depois da cirurgia – Alguns cuidados precisam ser observados pelo paciente e/ ou por seus acompanhantes.
Siga, sempre, as recomendações médias! Embora as atividades normais possam ser assumidas pouco tempo após a cirurgia, é importante evitar:
- Levantar peso
- Realizar exercícios físicos que exijam muito esforço
- Realizar movimentos bruscos com a cabeça
- Expor-se a fontes de calor intenso
- Apoiar-se sobre o olho operado na primeira semana
- Expor-se a iluminação forte na primeira semana
- Esfregar o olho operado
- Eeitar do lado do olho operado
Você também deve:
- Observar o repouso pedido
- Manter a alimentação normal
- Fazer compressas frias, de acordo com orientação médica
- Sempre lavar as mãos quando for aplicar colírio
- Lavar a cabeça com olhos bem fechados
Não há qualquer tipo de restrição para ler e assistir televisão.
A primeira semana é fundamental para a cicatrização. O paciente pode apresentar fotofobia (sensação de desconforto a luz), discreto inchaço na pálpebra e leve vermelhidão. Podem surgir hematomas no local da anestesia. As recomendações médicas do pós-operatório devem ser seguidas a risca pelo paciente e seus acompanhantes, para evitar complicações associadas á cirurgia, como infecções, hemorragias e inflamações.