Entendendo o glaucoma
O glaucoma é uma doença ocular que afeta o nervo óptico, estrutura formada por um feixe de fibras nervosas e responsáveis por levar até o cérebro todas as imagens que vemos. Quando essas fibras são danificadas, aparecem pontos cegos.
Causas do glaucoma
O olho humano contém um liquido transparente conhecido como humor aquoso. Produzido constantemente por uma estrutura chamada corpo ciliar e drenado pela malha trabecular, este liquido circula continuamente nas câmaras posterior e anterior do olho.
Quando a área de drenagem do olho, chamada de ângulo de drenagem, fica obstruída, o humor aquoso tende a se acumular dentro do olho provocando um aumento da pressão intra-ocular ou PIO. Quanto maior a pressão, maiores os riscos de ocorrer uma lesão do nervo óptico.
Existe, porém um tipo de glaucoma em que a PIO não é elevada. Por essa razão, acredita-se que esta doença seja especifica do nervo óptico, ou seja, uma neuropatia.
Outros fatores que podem contribuir para o aparecimento do glaucoma são: miopia, o diabetes, histórico familiar, hipertensão e alguma doença ocular anterior. Certos medicamentos de uso crônico, como vasodilatadores, calmantes, antiparkinsonianos ou corticóides podem também desencadear o glaucoma.
A perda da visão provocada pelo glaucoma é perfeitamente evitável, desde que o diagnóstico e tratamento sejam feitos pelo oftalmologista no inicio do aparecimento da doença.
Sintomas mais comuns do glaucoma
O glaucoma, em sua fase inicial, geralmente é assintomático: na maioria dos casos a doença progride lentamente sem que o paciente se dê conta de que está perdendo gradualmente a visão lateral. Mas, existem exceções. Os principais sinais de alerta são:
- Dificuldades para tocar objetos
- Visão embaçada
- Dificuldade para enxergar no escuro
- Diminuição da visão periférica
- Desconforto ou dor nos olhos
A presença de qualquer um desses sintomas exige a consulta com um oftalmologista. Somente o diagnóstico precoce preciso e o tratamento estabelecido pelo médico pode deter o avanço da doença, evitando a cegueira.
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Tipos de glaucoma
GLAUCOMA PRIMÁRIA DE ÂNGULO ABERTO OU GLAUCOMA CRÔNICO
Esta forma de glaucoma, mais comum, desenvolve-se lentamente e para a grande maioria das pessoas incluídas neste caso, a doença é assintomática. Mas, por que chamamos glaucoma de ângulo aberto? Porque o ângulo entre a íris e a córnea, embora semelhante ao olho normal, pelo mau funcionamento da estrutura que drena o humor aquoso, provoca aumento de pressão intra-ocular.
GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO FECHADO OU GLAUCOMA AGUDO
Ocorre por um bloqueio repentino dos canais de drenagem pela raiz da íris, com um grande aumento da pressão intra-ocular. Os sintomas são: visão borrada, dor ocular, pupila paralítica, visão de arco-íris ao redor das lâmpadas e também vermelhidão, algumas vezes acompanhada de náusea e vômitos.
O glaucoma de ângulo fechado ocorre em olhos predispostos anatomicamente, onde o ângulo entre a íris e a córnea é estreito, dificultando a drenagem do humor aquoso.
GLAUCOMA DE PRESSÃO NORMAL
É uma condição rara, em que a pressão intra-ocular se encontra dentro dos níveis normais, ocorrendo, porém, dano ao nervo óptico e perda do campo visual. Não se sabe especificamente qual é sua causa.
GLAUCOMA CONGÊNITO
Está presente desde o nascimento, é raro e hereditário, e resulta de uma má formação. Os sinais mais freqüentes incluem: lacrimejamento, aumento do tamanho dos olhos (bulftalmia) e sensibilidade excessiva á luz (fotofobia).
GLAUCOMA SECUNDÁRIO
É causado por outras doenças, como lesão traumática, inflamação ou tumor ocular. Este tipo de glaucoma pode ocorrer em casos da catarata e diabetes avançado, ou pelo uso de certos medicamentos como colírios de cortisona.
Como é feito o diagnóstico do glaucoma?
O glaucoma pode ser detectado somente após um exame oftalmológico cuidadoso, em que o médico especialista realiza a medida da pressão intra-ocular (PIO) e o exame de fundo de olho, com o auxilio de aparelhos especiais. Acompanhe os principais exames utilizados para a detecção do glaucoma, todos indolores:
- Tonometria de Aplanação – técnica usada para medir a pressão intra- ocular. Deve ser realizada rotineiramente, principalmente após os 40 anos.
- Fundoscopia – através deste exame, que avalia o nervo óptico, é possível detectar uma lesão ocasionada pelo glaucoma.
- Gonioscopia – é o exame do ângulo de drenagem do olho, para avaliar se o glaucoma é de ângulo aberto, de ângulo fechado, pigmentar ou secundário a outra patologia.
- Curva Tensional Diária – é a medida da pressão ocular em horários diferentes no mesmo dia, com o objetivo de obter a mínima e máxima pressão ocular. Estas informações permitem estabelecer condições melhores de avaliação do tratamento.
- Prova de sobrecarga hídrica – é um teste provocativo com intuito de produzir a pressão máxima ocular durante as 24hs do dia, para estabelecer adequadamente o tratamento e avaliar seus resultados.
- Campimetria computadorizada – permite o estudo do campo-visual central e periférico, representando um auxilio importante em casos de glaucoma, retinopatias e doenças do sistema nervo central. A campimetria avalia defeitos de campo visual e escotomas causados por algumas patologias.
- Campimetria freqüência duplicada (FDT) – este teste examina o campo visual. É capaz de detectar defeitos no campo visual precocemente causados pelo glaucoma. O acompanhamento do paciente com este exame da informações ao médico de progressão desses defeitos com o passar do tempo.
- Paquimetria ultra-sônica – é um exame que permite detectar a espessura da córnea, indicado para o pré-operatório de cirurgias refrativas (miopia, hipermetropia, astigmatismo), para a avaliação da descompensação corneana e para avaliação da evolução das distrofias corneanas.
- Retinografia simples – é o estudo fotográfico do fundo do olho, especialmente da retina, nervo óptico e vasos sanguíneos. Permite diagnosticar o diabetes, a hipertensão, casos de tromboses e derrames, entre outros.
- Estériofotografia de papila – exame capaz de realizar uma avaliação bi e tridimensional do disco óptico, permitindo uma comparação anatômica durante o acompanhamento do paciente e uma análise qualitativa do nervo óptico.
- Análise Computadorizada do Nervo Óptico e Camada de Fibras Nervosas (OCT, GDx e HRT) – são exames que auxiliam no diagnostico precoce do glaucoma e avalia a progressão do dano estrutural.
Alguns desses exames talvez não sejam necessários, porém seu oftalmologista saberá determinar quais deles serão os mais indicados para você. O médico poderá solicitar a repetição de alguns testes regularmente para acompanhar o estágio do glaucoma, o efeito da medicação utilizada e, assim, evitar maiores danos ao nervo óptico com o passar do tempo.
Como tratar o glaucoma?
Muitos pacientes desejam saber se existe cura definitiva para o glaucoma. O que a medicina pode afirmar até o momento é que esta doença pode ser controlada, como nos casos de glaucoma primário de ângulo aberto e até mesmo curada, como nos casos de glaucoma de ângulo fechado.
Ao ser diagnosticado, o glaucoma teve ter acompanhamento e tratamento constante, da mesma forma que o diabetes e a hipertensão arterial.
A melhor maneira de controlar a doença é diminuindo a pressão intra-ocular:
- Medicamentos adequados, prescritos pelo médico oftalmologista.
- Exames regulares do nervo óptico (fotografia estereoscópica)
- Acompanhamento do campo visual
MEDICAMENTOS
O principal tratamento indicado para os portadores de glaucoma tem como objetivo diminuir a pressão intra-ocular (PIO) e pode ser feito clinicamente com colírios. Os medicamentos podem facilitar a drenagem ou diminuir a produção do humor aquoso. Para o controle da (PIO), é muito importante utilizar corretamente o medicamento todos os dias.
Atenção! Jamais interrompa o uso do medicamento sem antes consultar seu médico. O uso de colírios com cortisona sem o devido controle do oftalmologista pode desencadear aumento de PIO.
CIRURGIA LASER
Em alguns casos é necessário o tratamento a laser, que reúne duas técnicas:
- Iridotomia
Através da utilização de dois tipos de Laser, de Nd- Yag e de Argônio, se estabelece uma via de comunicação entre as câmaras anterior e posterior, através de um orifício na Iris. Esta técnica é utilizada no glaucoma de ângulo fechado e seu objetivo é melhorar o fluxo de fluido aquoso.
- Trabeculoplatia
Esta técnica consiste na aplicação de Laser de Argônio sobre a malha trabecular, permitindo uma melhor drenagem do humor aquoso, ajudando no controle da pressão ocular. Utilizada no glaucoma de ângulo aberto.
CIRURGIA – QUANDO OPERAR ?
O tratamento cirúrgico pode ser necessário em caso de difícil controle da PIO ou quando existem fatores de risco presentes como doenças sistêmicas.
A cirurgia mais freqüente para o glaucoma é a Trabeculectomia. Realizada sob anestesia local, faz-se uma pequena abertura no nível da esclera (parte branca do olho), criando assim um novo canal de drenagem para o fluído aquoso. A conjuntiva sobre a esclera, por sua vez, forma uma ampola ou bolha que indica o sucesso da cirurgia.
Outras cirurgias como as não penetrantes, profundas ou implante de válvulas têm indicação especificas.
Esclarecendo dúvidas freqüentes
O GLAUCOMA É CONTAGIOSO?
Não. O glaucoma surge em decorrência de alterações no interior de globo ocular que nada têm a ver com infecções bacterianas, virais ou por qualquer outro microrganismo.
O GLAUCOMA ATINGE PESSOAS QUE SEXO E IDADE?
O glaucoma não apresenta prevalência maior menor em homens ou mulheres. Com relação á idade, a freqüência aumenta progressivamente após os quarenta anos. Daí a importância de consultar um oftalmologista especialmente após esta idade ou até antes, quando houver casos de glaucoma na família.
O SUCESSO DO TRATAMENTO DO GLAUCOMA DEPENDE DO PACIENTE?
Sim, as medicações nunca devem ser interrompidas ou alteradas sem o consentimento do oftalmologista. Exames oftalmológicos freqüentes são fundamentais para monitorar o glaucoma, detectando precocemente qualquer alteração.
GLAUCOMA TEM CURA?
O glaucoma é uma doença crônica que não tem cura: as lesões que provoca no nervo óptico são irreversíveis. Mas, na grande maioria dos casos, o glaucoma pode ser controlado com tratamento adequado e continuo. Quanto mais rápido for o diagnóstico, maiores serão as chances de evitar a perda da visão.
ESTRESSE E NERVOSISMO PODEM PROVOCAR O GLAUCOMA?
Não. Estes fatores não causam nem aumentam a risco de desenvolvimento do glaucoma.
Importante!
- Use os medicamentos de acordo com a orientação de seu oftalmologista
- Não pare de usar a medicação sem ordem do seu médico
- Comunique seu médico sempre que perceber qualquer efeito colateral durante o uso da medicação para o tratamento do glaucoma
- Compareça periodicamente ás consultas marcadas
- O controle do glaucoma depende de você: se seguir a risca o tratamento prescrito, de forma correta, praticamente não haverá risco de perda de visão
RECOMENDÇÕES PARA O USO DE COLÍRIO
- Não deixe de ler a bula que acompanha o medicamento, para seguir corretamente todas as instruções.
- Lave sempre as mãos antes de aplicar o colírio
- Não toque a ponta do frasco do colírio nas pálpebras, nos cílios ou nos olhos para evitar contaminação do medicamento.
- Para prolongar o efeito do medicamento e para que este fique restrito ao olho, comprima o canto interno dos olhos, próximo ao nariz.
- Mantenha os olhos fechados de 1 a 2 minutos, para permitir que a medicação seja absorvida
- Utilize um lenço de papel para retirar o excesso de colírio
- Não deixe de usar seu colírio apenas porque sente uma leve ardência nos olhos. Esta sensação passará em segundos.